quarta-feira, 29 de abril de 2009

Siemens vai investir US$ 600 milhões no País

Gazeta Mercantil

O expressivo crescimento alcançado no Brasil em 2008, de 33%, e um faturamento líquido de R$ 4,6 bilhões chamaram a atenção da gigante alemã Siemens, que na última semana realizou no País uma reunião mundial de diretoria, sob o comando do presidente do grupo, Peter Löscher.

O evento discutiu estratégias de crescimento para o mercado brasileiro e a aplicação dos investimentos previstos para os próximos quatro anos, estimados em US$ 600 milhões. Energia e segmentos industriais são os ramos que receberão a maior parcela. O País é visto como um mercado-chave para a companhia de infraestrutura, muito em função dos programas anunciados pelo governo. (págs. 1 e C7)

Sky aplica R$ 150 milhões em serviço de alta definição
A operadora de TV paga via satélite Sky reservou R$ 150 milhões para o lançamento de seu serviço de alta definição. Desse valor, R$ 70 milhões foram destinados ao desenvolvimento do produto, enquanto os demais R$ 80 milhões serão aplicados em campanha publicitária criada pela agência Giovanni + DraftFCB e estrelada por Gisele Bündchen. Tratado de modo pomposo pela empresa, o investimento nessa tecnologia é mais um passo em sua estratégia para tornar-se uma gestora de audiovisual dos clientes, segundo Luiz Eduardo Baptista da Rocha, presidente da Sky. Por isso, planeja ter seu sinal de TV disponível no celular e prover o acesso à internet por meio de banda larga sem fio. (págs. 1 e C8)

Mais construtoras na área de securitização
A retomada do volume de emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) tem estimulado companhias que atuam na construção e incorporação de imóveis a atuar diretamente em securitização. A construtora WTorre é uma das mais tradicionais nesse modelo, mas já é acompanhada por empresas de investimento que atuam em incorporação, como Pátria e Prosperitas, e mais recentemente a Bracor, com sua BRC Securitizadora, e PDG Realty, que estruturou a PDG Companhia Securitizadora. Até a incorporadora Cyrela Brazil Realty se originou da união dessas duas pontas — a construtora Cyrela e a Brazil Realty Companhia Securitizadora.

“Não sei se é uma tendência, mas é uma alternativa”, diz Carlos Augusto Lopes, da consultoria especializada Uqbar. Embalar os créditos para emissões de CRI só faz sentido para empresas que saibam negociá-los no mercado, que tenham clientes praticamente garantidos — caso das securitizadoras independentes. Para estas últimas, esse modelo casado não parece adequado. “De alguma forma, reflete um conflito de interesse”, considera Marcelo Michaluá, diretor-executivo da RB Capital. (págs. 1 e B3)

Para Serra, estados estão de mãos atadas diante da crise
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB)— e provável candidato da oposição na corrida presidencial de 2010 —, disse ontem em evento na capital paulista que os estados e municípios estão de mãos atadas para enfrentar a crise, pois, além dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, não podem emitir títulos públicos. “O governo federal não teve e não tem política anticíclica”, criticou. Para ele, algumas ações chegaram a reforçar a desaceleração da economia.

O tucano também afirmou que a venda de estatais em sua gestão não significa redução do patrimônio público, e sim uma troca, pois os R$ 23 bilhões em receitas extras não serão gastos em custeio, mas utilizados para investimentos neste ano. (págs. 1, A8 e A9)

Gripe suína causa prejuízos ao turismo
A gripe suína já causa prejuízos para as empresas de turismo que atuam no Brasil operando destinos internacionais. O presidente do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Comerciais (Favecc), Francisco Leme da Silva, afirmou que ainda não possui estatísticas, mas as viagens para México e EUA vêm sendo canceladas: “As empresas estão adiando as viagens, pois existe um forte clima de incerteza. E as companhias aéreas estão se organizando em função disso. A Delta Airlines, por exemplo, informou que está permitindo a troca dos destinos e a reemissão de passagens sem multas.”

Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerar ineficaz o fechamento de fronteiras e a restrição de voos, Cuba e Argentina anunciaram ontem a suspensão de voos para o México. As autoridades sanitárias brasileiras intensificaram a fiscalização em aeroportos e estenderão os procedimentos para os portos. O governo brasileiro monitora 20 casos suspeitos.(págs. 1, A12 e A13)

PIB mexicano perderá ao menos 1% com epidemia
Pelo menos 450 mil pessoas estão sem trabalhar na Cidade do México, depois que o governo determinou o fechamento de 35 mil restaurantes, além de academias de ginástica, cinemas, clubes e salões de festas, para evitar aglomerações e novos contágios.

A Câmara Nacional de Comércio, Serviços e Turismo da Cidade do México estimou os prejuízos diários em US$ 55,4 milhões, o que representará quase US$ 500 milhões até dia 6 de maio, quando termina o prazo de suspensão. (págs. 1, A16 e A17)

Um teste para organizarmos o século XXI
A comunicação global instantânea e as rápidas viagens internacionais podem às vezes conduzir a choques sistêmicos universais. O colapso de um banco ou um vírus não ficarão isolados. Têm o potencial de atingir quase todos cantos de uma só vez. A gripe suína não é apenas uma emergência de saúde. É um teste para vermos como organizaremos o século XXI. (págs. 1 e A17)

Gás natural
Consumo sobe 3% em março e tem primeira alta do ano (págs. 1 e C3)

Bolsa busca internacionalização
Arminio Fraga, novo presidente do Conselho, quer reforçar parcerias (págs. 1 e B4)

Nível de atividade
Indústria paulista cresce 0,5% em março (págs. 1 e A7)

Expansão das redes de móveis
Etna e Tok&Stok, varejistas concorrentes no setor de móveis e acessórios para casa, têm novidades relacionadas à expansão. Enquanto a Etna se prepara para iniciar vendas pela internet, a Tok&Stok quer franquias. (págs. 1 e C4)

CWT investe nos emergentes
A Carlson Wagonlit Travel colocou o Brasil e a China no topo de sua lista de prioridades. Em 2008, somente o Brasil foi responsável por vendas de R$ 825 milhões. (págs. 1 e C4)

Estratégias do Banco do Brasil
O Banco do Brasil quer atrair mais clientes e está ampliando o portfólio de produtos a fim de elevar o crédito e ter margem para reduzir juros e spreads, como deseja Lula. (págs. 1 e B1)

Cobrir o déficit do INSS
A Advocacia-Geral da União ajuizou 341 ações contra empresas para recuperar R$ 55 milhões ao INSS pelo pagamento de pensão por morte ou invalidez. (págs. 1 e A11)

Ipea prevê PIB zero
O mercado interno amortecerá a retração da economia no primeiro trimestre, na avaliação do Ipea. Com esse desempenho, o PIB deve ficar próximo a zero no período. (págs. 1 e A6)

Gestão jurídica alivia encargos
A e-Xyon diz que é possível a liberação de até 15% dos recursos de uma empresa disponíveis ao pagamento de pendências jurídicas. (págs. 1 e investnews.com.br)

Opinião: Antonio Penteado Mendonça
A alteração do status dos índios, deixando de considerá-los inimputáveis, equipararia os brasileiros, hoje divididos em duas categorias. (págs. 1 e A3)

Opinião: Ariverson Feltrin
O serviço público tratado com eficiência pode perpetuar uma administração e tornar o gestor recompensado pelo eleitor. (págs. 1 e A3)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Imobiliárias de SP driblam lei para ocultar doadores


da Folha Online

Hoje na Folha O setor imobiliário de São Paulo, coordenado pelo Secovi, o sindicato da categoria, usou uma entidade para driblar a legislação eleitoral --que proíbe doações de sindicatos-- e ocultar os verdadeiros responsáveis pelas doações feitas pelo setor, informa reportagem de Felipe Seligman e Ranier Bragon, publicada nesta terça-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Nas eleições de 2008, a AIB (Associação Imobiliária Brasileira) foi a segunda maior financiadora individual do país, direcionando R$ 6,5 milhões a candidatos, governistas e da oposição, em quase totalidade paulistas.

A Folha conversou nos últimos dias com sete candidatos beneficiados pela AIB. Quase todos afirmaram que as doações ocorreram em negociação não com a associação, mas com o Secovi-SP, que se autodenomina "o maior sindicato do setor imobiliário da América Latina". A lei proíbe que sindicatos ou entidades de classe façam doações eleitorais.

Além de passar por cima da proibição, informa a reportagem, a doação por meio da associação impede que seja feita a ligação entre o real doador e o beneficiário. A maioria dos entrevistados falou na condição de anonimato. Alguns dos que se identificaram disseram que não conheciam a entidade antes da doação.

Outro lado

Os presidentes da AIB, Sergio Ferrador, e o do Secovi, João Batista Crestana, defenderam a atuação conjunta do setor como forma de fortalecer o lobby da categoria, mas negam que a associação seja de fachada e afirmaram que tudo é legal.

Segundo eles, a AIB foi criada pelas empresas, embora digam que seus integrantes naturalmente são também do Secovi.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Montadoras retomam nível de produção pré-crise

FÁBIO AMATO
da Agência Folha, em São José dos Campos
DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

Pouco mais de seis meses após o agravamento da crise financeira, que derrubou as vendas e a produção de carros no Brasil, funcionários de montadoras já fazem horas extras para atender à demanda por automóveis, aquecida pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Entre janeiro e março, a indústria automotiva registrou forte crescimento e, em pelo menos duas fábricas -uma da Volkswagen e outra da GM-, o ritmo de produção já é igual ao do período pré-crise. O número de empregos no setor, entretanto, continuou caindo no período.


Em março, o setor automotivo registrou o melhor resultado de vendas para um mês de março. Foram 271.494 veículos vendidos --incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus--, 17% a mais que em igual período de 2008. O primeiro trimestre também foi o melhor da história para a indústria, com o emplacamento de 668.314 veículos.

Na fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP), de onde saem os modelos Gol e Voyage, a produção já retomou o ritmo do período anterior à crise -cerca de 1.050 carros por dia. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Isaac do Carmo, disse que, de janeiro a março, os funcionários da planta trabalharam nove sábados (a jornada normal é de segunda a sexta).

Para este mês, foi assinado acordo entre o sindicato e a empresa que prevê o funcionamento da fábrica em três sábados e dois feriados. Carmo disse que, em março, 280 trabalhadores foram efetivados ou tiverem o contrato renovado.

Situação semelhante vive a fábrica da GM em Gravataí (RS), onde são produzidos os modelos Celta e Prisma. Segundo o presidente do sindicato dos metalúrgicos local, Valcir Ascari, os cerca de 4.500 empregados estão fazendo 22 minutos de hora extra por dia, além de trabalharem dois sábados por mês, jornada igual ao do período pré-crise.

A produção na unidade, disse Ascari, também voltou aos níveis de setembro, com cerca de 880 carros por dia. "A produção aqui está bombando. Temos a informação de que já tem até fila de espera para comprar Celta e Prisma", afirmou ele. "Acho que o governo deve estender a redução do IPI enquanto tiver rumores de crise."

Nas fábricas da GM em São José dos Campos e São Caetano do Sul (ambas em SP), a produção já atinge os níveis de 2007 e também há setores em que os funcionários fazem horas extras, informam os sindicatos dos metalúrgicos.

Na unidade de São José dos Campos, onde em janeiro a GM fez um corte de 744 funcionários, a produção, que no auge da crise caiu a 500 carros por dia, está agora em cerca de 780.

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim (MG) diz que a fábrica da Fiat vem dando expediente também aos sábados para aumentar a produção, o que motivou uma denúncia na Delegacia Regional do Trabalho. Segundo o presidente do sindicato, Marcelino da Rocha, a inclusão dos sábados não estava prevista em acordo e os trabalhadores não estão recebendo pelas horas a mais. O dirigente disse que em 2009 a montadora já acionou os funcionários para cumprir jornada extra em nove sábados.

A assessoria da Fiat diz que foram trabalhados quatro sábados e que "há um saldo de horas não trabalhadas a compensar."

A Fiat tem produção de 2.700 unidades por dia, segundo o sindicato dos trabalhadores, ante a média de 3.100 veículos fabricados até outubro.

Na unidade da Ford em Camaçari (BA), a produção está em 800 carros por dia, segundo o sindicato dos metalúrgicos. O pico diário da produção, antes da crise, foi de 912 carros.

domingo, 5 de abril de 2009

Como as empresas adquirem representação no Parlamento: Empreiteiras doaram mais de R$ 102 mi nas duas últimas eleições

Valor pode ser maior, já que partidos têm até dia 30 deste mês para registrar recursos recebidos.



Agência Estado

Brasília - As maiores empresas de construção do Brasil doaram pelo menos R$ 102,5 milhões nas duas últimas eleições para candidatos e comitês financeiros de campanhas. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, com as doações oficiais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelas principais empreiteiras do País, mostra o repasse de aproximadamente R$ 56,3 milhões nas eleições de 2006 e outros R$ 46,2 milhões nas de 2008.

No caso da eleição passada, esses valores ainda vão aumentar porque os partidos têm até o dia 30 deste mês para registrar todas as doações recebidas. O volume de recursos destinados por essas empresas e suas coligadas deixa clara a influência do setor sobre os políticos. Perdem apenas para os bancos em termos de quantidade de repasses feitos para as campanhas.

A explicação para esse interesse é simples: presidentes, governadores e prefeitos são responsáveis por obras no País, nos Estados e nos municípios que serão tocadas por empreiteiras. Já os parlamentares apresentam emendas ao Orçamento da União que garantem verbas para a realização de várias obras. Transitar bem no meio político é estratégico para essas empresas.

Isso fica evidente na quantidade de recursos enviados para comitês financeiros de campanha. Em 2006, a construtora Camargo Corrêa, por exemplo, doou mais de R$ 3 milhões diretamente para essa finalidade. E a lógica desse processo é de estabelecer pontes de contato com todos os lados - a empresa foi a principal investigada da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Federal no mês passado.

Em 17 de agosto de 2006, a Camargo Corrêa repassou R$ 500 mil para o comitê financeiro nacional da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 26 de setembro, enviou mais R$ 500 mil. Mas a empreiteira não se esqueceu de ajudar também o comitê financeiro nacional do PSDB, que disputava a eleição com Geraldo Alckmin. No dia 4 de agosto, repassou R$ 200 mil e dez dias depois, mais R$ 200 mil.

Lógica parecida foi seguida na campanha de 2006 pela OAS, que destinou R$ 3,5 milhões para comitês financeiros. A OAS preferiu, contudo, priorizar doações para o comitê de Lula, fazendo oito repasses que totalizaram cerca de R$ 1,6 milhão. Para a campanha tucana, destinou bem menos: R$ 100 mil. Em compensação, foi mais generosa com a campanha do tucano José Serra, com dois repasses de R$ 500 mil para comitê financeiro estadual do PSDB.

No levantamento feito pelo jornal, as empresas ligadas ao grupo Camargo Corrêa aparecem como as que mais contribuíram para as duas últimas campanhas dentro do setor de construção. Em 2006, foram doados R$ 14,4 milhões. Em 2008, outros R$ 23,9 milhões. Em relação ao pleito municipal, a Camargo Corrêa aparece como a campeã do setor porque decidiu anunciar, na quarta-feira, o total entregue no ano passado aos políticos, quase um mês antes do fim do prazo legal para o registro das colaborações eleitorais - uma decisão tomada no rastro da operação da PF.

A investigação levou à prisão quatro diretores e duas secretárias da Camargo Corrêa, suspeitos de participação num suposto esquema de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, em Pernambuco. Também apontou para a existência de um suposto esquema de doações feitas "por fora" (ou seja, não registradas) pela empresa para partidos políticos. A empresa nega que tenha cometido irregularidades e feito pagamentos a políticos que não tenham sido declarados à Justiça Eleitoral.

Há pelo menos duas décadas investigações sobre supostas irregularidades têm esbarrado no relacionamento das empreiteiras com o meio político, como ocorreu no mês passado na Operação Castelo de Areia. Só que antes mesmo de a operação ter efetuado a prisão de integrantes da Camargo Corrêa, as ligações entre empreiteiras e políticos já estavam no centro de outros escândalos.

Em 1993, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Orçamento desmontou um esquema no qual um grupo de parlamentares influía diretamente nas decisões da Comissão de Orçamento do Congresso, destinando emendas para obras de interesse de empreiteiras em troca de pagamento.

Em outro caso rumoroso, em 2007, a Operação Navalha revelou as atividades irregulares da construtora Gautama, do empresário Zuleido Veras, que montou uma rede de influência dentro de órgãos do governo federal e em governos estaduais e prefeituras para conseguir dirigir licitações públicas a seu favor.

Apesar disso, parlamentares entendem que é legítimo que as grandes construtoras queiram se aproximar dos políticos para defender seus interesses e usem as doações eleitorais para ampliar seus canais de acesso com os políticos.

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