quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cade adia análise de fusão Sadia-Perdigão (Postado por Erick Oliveira)

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) adiou nesta quarta-feira (15), pela segunda vez, o julgamento do processo sobre a fusão entre Sadia e Perdigão. A solicitação foi do conselheiro Ricardo Ruiz, que na semana passada já havia pedido vistas do processo, o que gerou o primeiro adiamento. Uma nova data para a retomada do julgamento ainda não foi definida.
Na quarta-feira da semana passada, o relator do processo, Carlos Ragazzo, sugeriu ao órgão antitruste que reprove a operação que resultou na criação da Brasil Foods (BRF), uma das maiores empresas do mundo no setor de alimentos. A votação do relatório, entretanto, foi adiada após pedido de vistas feito pelo conselheiro Ricardo Ruiz.
O relator do processo, Carlos Ragazzo, sugeriu em seu relatório que o Cade reprove a fusão que criou a Brasil Foods (BRF), uma das maiores empresas do mundo no setor de alimentos.
Ragazzo afirma no relatório que a união entre as empresas, principais produtoras de alimentos congelados e processados no país, cria um “cenário extremamente danoso” para o consumidor brasileiro, com aumento de preços, geração de inflação e comprometimento do poder de compra das famílias das classes C e D. Ele pede que o Cade obrigue a Perdigão a se desfazer de todos os ativos adquiridos da Sadia, há dois anos.
O vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello, comemorou o novo adiamento. De acordo com ele, a empresa tem agora mais tempo para negociar com o Cade uma saída que preserve a fusão e evite uma judicialização do processo.
“Nós trabalhamos com uma solução de consenso com o Cade. Nós não estamos fazendo qualquer tipo de especulação com relação ao resultado final desse acordo. Nós queremos encontrar uma solução que atenda o interesse do órgão regulador, da empresa e do Brasil de uma forma geral”, disse Mello.
Ele apontou que a empresa não tem novos argumentos para apresentar ao órgão e que vai se dedicar agora em oferecer todos os detalhes sobre a fusão aos conselheiros que ainda não votaram no processo.
“O fator positivo é que nós teremos um pouco mais de tempo para tentar demonstrar para os demais conselheiros que pode existir uma solução negociada. O que nós sempre buscamos junto ao conselho foi uma solução de consenso que pacifique a questão na esfera administrativa.”

Empresa discorda

Após a indicação de reprovação na semana passada, a BRF disse em nota que "discorda da visão do relator". A empresa diz acreditar que o Cade tem todos os dados para "tomar uma decisão positiva para toda a sociedade brasileira".
No comunicado divulgado na semana passada, a companhia alega ainda que "a aprovação da fusão é pró-competitiva e não trará prejuízo aos milhões de consumidores atendidos por suas marcas, que se beneficiarão das eficiências geradas pelo negócio, em especial com relação à efetiva queda de preços".
De acordo com a empresa, os preços da BRF tiveram aumento médio de 3,6% em 2010, índice "bem abaixo da inflação".
Salsicha mais cara
O relator do Cade apontou que a fusão põe fim à concorrência em setores como o de salsicha e presunto. E que essa concentração de mercado da BRF vai dar a ela condições de aumentar os preços de seus produtos sem que isso resulte em queda nas vendas, já que a tendência dos consumidores é optar entre produtos de Sadia ou Perdigão.

Além disso, apontou que a criação da gigante do setor de alimentos impede a entrada de novos concorrentes nesse mercado.
Na avaliação apresentada por Ragazzo, o aumento de preços em alguns tipos de alimentos pode chegar a 40%. Segundo ele, por esse motivo a fusão tem o potencial de gerar inflação e ainda comprometer a renda de famílias das classes C e D, que são as principais consumidoras dos produtos das marcas Sadia e Perdigão.
Ragazzo refutou a alegação da BRF de que a fusão criou a terceira maior exportadora do país e disse que a função do Cade é de proteger a concorrência dentro do país e não chancelar negócios que beneficiam famílias no exterior.
O vice-presidente de Assuntos Corporativos da BRF, Wilson Mello, que acompanhou a leitura do relatório, disse que a empresa continua confiante em uma "solução negociada" que não leve ao “radicalismo.”
Não participam do julgamento o presidente do Cade, Fernando Furlan, que se declarou impedido por ser primo do presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlan; além do conselheiro Elvino Mendonça, que participou do parecer sobre a fusão quando atuava na Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae).
A Brasil Foods foi criada em maio de 2009 com a compra pela Perdigão dos ativos da Sadia. Na época, a Sadia estava endividada depois de prejuízos com operações financeiras chamadas de derivativos cambiais durante a crise financeira no final de 2008.

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